uma cidade a cantar

Três dias no Rio de Janeiro no começo do ano e todas as fotos tiradas com celular e em preto-e-branco. Parecia um tipo novo de heresia, o de tirar a cor dos trópicos efervescentes da cidade. Para compensar, enchi-me de vários outros estereótipos. Teve a fatídica cerveja e depois uma cachaça na Lapa (prometidas por Taís há cerca de dois anos ou mais), show do Metá Metá no Circo Voador. A hospedagem dava vista pro Maracanã e pro morro da Mangueira, o que me obrigou a cantarolar quase diariamente meu samba-enredo favorito da verde-e-rosa. Teve mate com limão no Leme, teve pré-carnaval no aterro do Flamengo. Ana Paula me levou para comer no restaurante favorito de Getúlio Vargas, ali pelo Largo do Machado. Graças a uma curiosidade tétrica minha, Ana ainda precisou visitar o quarto do véio, ver o pijama ensanguentado e até a bala que matou GV. Tantos anos de faculdade de História ouvindo críticas a essa museografia que não quis deixar pra outra hora. Até porque, de tudo que não vivi, a única coisa de que tenho saudade é do Rio de Janeiro capital federal. Pra tirar um sarro, chamo a cidade de capital da corte; mas confesso que fico imaginando os usos do Real Gabinete Português de Leitura nos idos do século XIX. Depois dessas fotos em preto-e-branco ainda fiquei uma semana ouvindo bossa nova sem parar. Tá pago o pecado.

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