diário de oaxaca

“Ao saber que é minha primeira visita ao México, ele fala calorosamente sobre o país e me empresta seu guia de viagem. Que eu não deixe de ver a colossal árvore de Oaxaca: tem mais de mil anos, é uma maravilha natural famosa. Sim, respondo, ouço falar dessa árvore desde menino, vi fotos antigas, é uma das coisas que me fez colocar-me a caminho de Oaxaca.”

“Boone prossegue falando sobre a riqueza botânica sem igual de Oaxaca, uma fronteira onde plantas de origem setentrional, como os abetos, misturam-se a plantas sul-americanas que migraram para o norte.”

“Enormes pencas de balões de hélio esticam seus barbantes para o alto. Alguns parecem grandes o suficiente para erguer uma criança pelos ares. Alguns se desprenderam e foram parar em ramos de árvores na praça. (E outros, ocorre-me, subiram tanto que podem entrar no motor de um jato e fazê-lo em chamas – tenho uma súbita imagem muito vívida de tal ocorrência, mas é uma ideia absurda).”

“‘a.C.’, para esse povo, significa Antes de Cortés, a divisão absoluta entre pré-Conquista, pré-Hispânico e o que veio depois.”

“É, percebi de repente, um sentimento de felicidade, um sentimento tão inabitual que demorei a reconhecê-lo. Muitas são as causas dessa felicidade, suponho – as plantas, as ruínas, o povo de Oaxaca – mas esse doce sentimento de comunidade, de pertencimento, sem dúvida está entre elas.”

“Todos se espantam com minha súbita loquacidade e ficam fascinados com a ideia de que existem constantes de forma universais nas alucinações, uma possível base neurológica para a arte geométrica de tantas culturas”.

“Sei que Oaxaca possui a flora mais rica do México. Agora vejo que também tem a maior riqueza e variedade de comidas. Acho que estou começando a me apaixonar por esse lugar.”

“Penso na riqueza botânica que vemos aqui, não só as samambaias, mas todo tipo de outras coisas cujo grande valor passa desapercebido. Os conquistadores foram ávidos por prata e ouro e esbulharam suas vítimas para obtê-los, mas essas não foram as verdadeiras benesses que levaram para sua terra. As verdadeiras dádivas, desconhecidas pelos europeus antes da conquista foram o tabaco, a batata, o tomate, o chocolate, a abóbora, as pimentas, o milho, sem falar na borracha, na goma de mascar, nos alucinógenos exóticos, na cochonilha…”

“O poder e a grandiosidade do que vi tiveram grande impacto sobre mim e alteraram minha noção sobre o que é ser humano. Monte Albán, principalmente, revolucionou toda uma vida de pressuposições, mostrando-me possibilidades com as quais eu nunca sonhara.”
Trechos do livro Diário de Oaxaca, escrito por Oliver Sacks.

3 respostas para “diário de oaxaca”

  1. Eu tô sentido cada vez mais vontade de conhecer a América Latina, e fico muito feliz que ela esteja mais famosa no quesito turismo, porque as pessoas só vão pros EUA e Europa, kkkkbj bj

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